25 de março de 2011

A menina de muitos colegas

Era uma vez essa menina, inventada ao acaso por uma autora perdida. Personagem sem dono que era, tratou logo de tornar-se protagonista de algumas histórias e de criar ela mesma suas próprias características, virtudes e defeitos embaralhados em uma cabeça que não fora criada para esta árdua tarefa de se inventar.
Logo, estava a andar por ruas a exibir seu feito, era, então, uma personagem criada por ela mesma! Mas as ruas não estavam  preparadas para uma personagem com defeitos e virtudes misturados de tal forma que não se distinguiam mais.
Decidiu, portanto, criar laços. Criou mais virtudes e foi correndo puxar conversa na padaria e no barzinho, se espalhou por todos os lados e de todos os jeitos, se aproximou dos tímidos e se juntou aos demais.
E quando se viu rodeada de gente ficou feliz.
Mas essa menina não conhecia o "The End". Abandonada por sua autora, não sabia que devia terminar no final feliz. E continuou feliz.
Porém, como não respeitou o final feliz e continuou sua história, se viu uma hora triste. Tão irremediavelmente triste que não pôde entender como conseguia estar triste no meio de tanta gente que a fazia sorrir.
E a moral da história pegou de surpresa essa personagem que se arriscava a rabiscar sua própria história. Pobre menina o quanto custou a descobrir que só tinha colegas. Colegas de sorriso que lhe faziam bem, mas que logo iam para junto dos seus amigos. Menina inventada descobriu, então, que não precisava mais de colegas. O que ela precisava agora era ser personagem de outras histórias, as histórias de seus amigos. Amigos que ela ainda luta por inventar.


Ps: Desculpem-me as metáforas. E os demais desvios que ocorreram acima.

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