31 de maio de 2011

Gotas

-Estalo, gotas, trovão, clarão, gotas, escuro, silêncio, gotas, chiado, raios, gotas, beijo, gotas...
-Beijo?
-Sim, beijo. E gotas também!
-Claro, eu ouvi as gotas..
-Então você tava lá??
-Não, não estava. Ouvi você dizer as gotas.
-Mas não as disse. Só as citei. Se disesse, você saberia que gotas eram..
-Não eram de chuva?
-Eram de chuva, mas não eram simples gotas de chuva. Eram lindas e barulhentas, e pingavam por todos os lados, refletindo as luzes nas ruas.
-E o beijo?
-Estava junto com as gotas.. As gotas eram grossas e quentes, molhavam tudo e encharcavam os cabelos e as roupas dos que corriam pelas ruas. Eram mesmo gotas diferentes aquelas. E elas tinham também um brilho que...
-Tá, já entendi! Eram simples gotas bonitas mas e o beijo? De onde veio esse beijo?
-Não eram gotas bonitas, eram lindas! E não eram simples coisíssima nenhuma!! Ouviu bem? Eram diferentes. E o beijo veio das gotas, veio daquele som. Eu ouvi, ouvi o beijo junto com o silêncio, com o estalo, com os raios, junto com as gotas. Isso prova que não eram gotas comuns..
-Mas que droga! Eu não quero saber das gotas. De que me interessa as gotas???
-Se você não se interessa pelas gotas não tem motivos para se interessar pelo beijo. Afinal, as gotas e o beijo são uma história só. Uma única história de amor.


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