11 de julho de 2011

Um basta!

Você não nasceu paciente, não obteve ao longo de sua jornada esse divino dom.
Sempre foi uma pessoa ansiosa e estourada. Mas, quando entendia ser necessário um esforço, você se calava, abaixava a cabeça e fazia surgir, não se sabe de onde, uma paciência infinita. Você ouvia tudo, se sentava, respirava fundo e, se chorava, era sozinha e em silêncio n'algum canto de sua cama. Não reclamava, não estourava. Ia se inchando, ia se enchendo. E a paciência brotava, acabava, tornava a brotar. Assim foi durante algum tempo ou alguns anos.
Nunca mais estourara, havia muito tempo que isso não acontecia. Você nem se lembrava mais. E, também, não reparava mais no esforço que fazia para não perder a paciência, que não tinha em si.
Mas alguém parecia não ver o trabalho que dá fazer surgir paciência. Alguém continuava falando, falando, falando e magoando. Vinha paciência, paciência e paciência para tampar todos as saídas por onde você prometia, a qualquer momento, vazar. Não vazou. Nem estourou.
Porém, algum dia você se cansou. Não dava mais para ficar assim, se segurando, se comprimindo, já estava apertado demais dentro desse pequeno peito. Você respirou fundo uma última vez, foi a gota d'água. Já ouvira demais! Já sofrera em silêncio mais do que podia. Você não podia fazer isso, mas fez. Ouviu-se, então, um "BOOM", era sim você que acabava de estourar. Palavras em corrente não saíram como você pensou... Foram lágrimas. Lágrimas sem fim, lágrimas quentes, fervendo. Lágrimas que você tentou esconder, mas não deu. Lágrimas e lágrimas. Aquilo não acabava nunca.
Foi então que ao fim de algumas dessas doídas gotas, você tomou uma decisão: Basta!

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