4 de fevereiro de 2012

Preciosidade


Ela entrou de mansinho pela porta da sala, sem fazer barulho girou a chave na porta, deitou a bolsa no braço do sofá e encontrou no quarto aquela sua preciosidade cochilando às 5 da tarde. A mochila aberta, jogada ao chão, parecia cuspir ou vomitar dezenas de folhas de papel rabiscadas. Puxou uma delas e seu nome estava escrito do cabeçalho ao rodapé com mil caligrafias diferentes, sempre seguido de um coração e em caneta ora vermelha ora preta ora azul. No verso, o “Eu te amo” aparecia rabiscado ao lado do “I love you”.
Ela se derretia e sorria lisonjeada. Olhou para ele que respirava calmamente e inspirava tranquilidade e sossego. Aquela baguncinha nunca fora tão agradável aos seus olhos, colocou de lado o amontoado de roupas jogado em cima da mochila e sentou-se para folear uma a uma as folhas rabiscadas. Ela nunca lera seu nome escrito de tantos tamanhos, cores e formas diferentes, era mesmo uma preciosidade. Correu na sala, buscou a bolsa e colocou tudo lá dentro. Ela tinha que guardar aquilo, era tão fofo! Ela sabia que ele era o maior tesouro que possuía, um dos últimos exemplares de Caras Certos. Então, a desastrada tropeçou no tênis que estava ali, perto da porta e causou um estrondo alto o suficiente para acordá-lo assustado. Com aquela cara de “Tinha que ser você...” ele levantou sorrindo. Ela pegou-lhe o rosto, aproximou-o do seu e sussurrou baixinho: “-Minha preciosidade! Minha”.

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