Pontos de brilho, lantejoulas. O som da reza em procissão. Cantigas velhas e esquecidas são resmungadas e arrastadas por vozes de velórios. Brancura sem fim no fim da noite escura. Escura, com velas que ríspidas trazem chamas que balançam com o andar das velhas de nuvens brancas sobre a cabeça. Os tecidos tão brancos quanto os cabelos, quanto as velas, quanto as velhas. Som de prata que se choca com prata. É a banda, tão velha quanto a melodia, quanto a reza, quanto as lamúrias. Choramingos, lamentos. Alguém toca um sino, som cru. Alguém se lembra de puxar uma Ave-Maria e todos se calam por uns instante, para recomeçar a reza, reza em procissão, arrastada por vozes de velório que choramingam.
Choramingam todas algo que não ouço, não compreendo, estou zonza, mas caminho com elas, as velhas. A brancura sem fim me cega, mas vejo ainda a chama das velas. Das velas.
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